Inovação – inovar é preciso, viver é preciso
É curioso observar como algumas abordagens de “inovação” consideram a aplicação da tecnologia como o ponto de partida na busca por algo a ser inovado – uma espécie de “fetiche tecnológico”. Concordo que os avanços tecnológicos fizeram com que a tecnologia se tornasse uma grande aliada para inovar. No entanto, não devemos inverter os papéis. Inovamos para alcançar algum valor e podemos utilizar as tecnologias como ferramentas para auxiliar nesse processo de busca de valor.
Se isso é verdade, não deveríamos buscar novas iniciativas simplesmente pela tecnologia. Atualmente, é comum ver projetos sendo desenvolvidos para aplicar a Inteligência Artificial visando entregar algum valor. Porém, acredito que a IA, assim como qualquer outra tecnologia, método ou ideia criativa, devam ser consideradas como meios para alcançar algo novo que entregue impacto positivo, e não o contrário.
Confesso que citei “Inteligência Artificial” porque é a palavra do momento, mas essa tendência de querer utilizar a tecnologia como o foco principal de uma iniciativa é histórica. Posso recordar alguns casos como aplicação cliente-servidor, aplicação web, web services, arquitetura conteinerizada, datalake… e por aí vai.
Contudo, quando você vai à farmácia, você compra um novo remédio pelo impacto que essa droga causou no mercado, ou seria para tratar uma dor específica, indicado por um especialista?
A aliada do momento para inovar
Eu sou daqueles que tem convicção de que a era da IA representa um marco de alto impacto na sociedade. Embora eu tenha minhas preocupações e medos, no geral, estou empolgado com as possibilidades que virão. Gastar tempo tentando prever todos os impactos que essa tecnologia pode gerar me parece inútil. Em vez disso, deveríamos estar colocando energia em aceitar, compreender, aprender, praticar e errar. Afinal, tudo isso faz parte da arte de fazer diferente e sair de uma caixa.
E para aqueles que ainda acreditam que esse é um assunto restrito aos profissionais de tecnologia, ressalto que todos precisarão se atualizar nesse tema. Abaixo trago alguns exemplos:
- Administradores podem se beneficiar com a análise de dados, tomada de decisões estratégicas, previsão de tendências de mercado, automação de processos e melhoria da eficiência operacional.
- Já os profissionais de saúde podem aplicar a IA no auxílio ao diagnóstico médico, análise de imagens médicas, descoberta de medicamentos, gestão de registros de pacientes e personalização de tratamentos.
- Advogados e profissionais jurídicos podem contar com apoio na revisão de contratos, pesquisa jurídica, análise de precedentes legais, automação de tarefas rotineiras e gerenciamento de documentos.
- Até mesmo, artistas e criativos, podem utilizar a IA para criar arte, música, efeitos visuais, design de produtos, personalização de experiências do usuário (UX) e análise das preferências dos consumidores.
Por que aprender usar a IA
Apesar de ser desconfortável admitir, a verdade é que o computador pessoal (PC), a internet, os aplicativos de mensagens instantâneas, as redes sociais, o comércio eletrônico… são exemplos de inovações que, com o tempo, criaram uma certa “dependência” nas pessoas. Você consegue imaginar um administrador trabalhando sem PC, um médico sem internet, um advogado sem WhatsApp ou um designer sem rede social? Esse é o motivo principal do porquê todos nós precisamos aprender a utilizar a IA em nossas profissões.
Sem entrar no mérito dos riscos, é inegável que a IA é o novo desafio que traz e trará benefícios e riscos para todos nós. Como sociedade, precisaremos entender, estabelecer padrões éticos e regulamentações que, aos poucos, equilibrarão esse desafio, embora não eliminem os riscos.
Mas lembre-se: é importante repensar nossa abordagem em relação à inovação, colocando a tecnologia no seu devido lugar, como uma ferramenta que nos auxilia a alcançar resultados.
O pulsar da inovação
A inovação é impulsionada pela criatividade, simplicidade e ação.
Inovar é preciso…
Fazemos parte de uma espécie que há mais de 300.000 anos vem criando, inovando e sobrevivendo. Ao longo do tempo, passamos por diversos marcos inovadores, como, a criação de ferramentas de pedra, domesticação do fogo, uso da agricultura, capacidade de nos comunicarmos através da escrita, revolução industrial…
…viver é preciso.
Resumindo, inovar é uma parte essencial de nossa existência.
Acredita-se que a nossa capacidade cognitiva, que resultou em nossa evolução atual, seja o motivo pelo qual somos a única espécie sobrevivente do gênero “Homo”. No entanto, mesmo sendo “Sapiens”, também sabemos ser estúpidos ao ponto de usar nossas invenções para colocar em risco a nossa espécie. Exemplos como Hiroshima, o efeito estufa e a manipulação genética em embriões humanos (2018) são alertas que mostram como podemos agir irresponsavelmente.
Inovação no mundo corporativo
No mundo corporativo, há inúmeros casos de empresas que nasceram, inovaram, tornaram-se potências, mas acabaram ficando obsoletas e morreram devido à incapacidade de continuar inovando. Xerox, Kodak, Blockbuster, Blackberry, Nokia, são alguns exemplos disso.
Por isso, sem nenhuma dúvida digo que é essencial que todos os membros de uma organização promovam a inovação, e que a própria organização crie um ambiente que permita que seus colaboradores “criem”, de forma autônoma, e inovem!
A criatividade não deve ser imposta ou exigida, mas pode ser estimulada e despertada. A simplicidade também desempenha seu papel no jogo da inovação, pois nem toda ideia precisa ser complexa. Pense de forma simples, teste ideias, esteja disposto a errar rápido para mudar a direção quantas vezes for necessário.
Por fim, não se esqueça que a ação é essencial para inovar. Muitas vezes, nos sabotamos acreditando que “Não é o momento”, “Vai dar tudo errado” ou “A ideia é ruim”. Não permita que nada te impeça de agir. Apenas aja!
Marcelo Mac Fadden é o sócio fundador da Programmers, ocupando o cargo de COO e sendo responsável pelas áreas de Operações, Vendas e Alianças nos mercados doméstico e europeu. Seu principal objetivo é auxiliar empresas que desejam modernizar suas operações por meio da digitalização. Além disso, ele desempenha um papel ativo nos setores de empreendedorismo e terceiro setor. Nos momentos de lazer, Marcelo tem paixão pela marcenaria, mergulho, corridas em montanhas e outras atividades recreativas.